quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Las Vulpes - Me Gusta Ser Una Zorra


Tudo isto a propósito de uma conversa com uma amiga, já nem me lembro a partir do quê, só recordo que tinha a ver com a la movida "madrileña", um movimento que surgiu em Madrid e que rapidamente se alastrou pelas principais cidades espanholas, na era pós-franquista e que se prolongou até aos anos oitenta. A noite madrilena foi muito activa não só pelas saidas nocturnas dos jovens, mas pelo súbito interesse da chamada cultura alternativa ou underground, das drogas ou seja uma época marcada por uma contracultura. Deste movimento nasceram muitos dos artistas que desenvolvem ainda hoje a cultura espanhola, entre os quais o realizador Pedro Almodovar. É também neste movimento contracultura que surge uma banda de punk rock femenino, em Bilbao - 1982, chamado Las Vulpes e do qual eu tomei conhecimento numa viagem a Madrid, Fevereiro passado. Tinha tentado entrar no museu reina Sophia, quando o recepcionista me disse que o melhor era eu voltar uma hora mais tarde, quando a entrada fosse gratis, mas como não me apatecia esperar pelo passar da hora, decidi dar uma volta, foi quando me deparei, à porta do prado, com uma exposição de artistas espanhois no jardim botânico. Nessa exposição havia uma obra em video, que à partida me intrigou bastante, mas não conseguia entender a simbologia inerente, só quando li a informação adjacente, é que me apercebi da importância daquele video na história da arte e da cultura espanhola.

Este grupo era constituido por quatro mulheres:

Loles Vázquez «Anarkoma Zorrita» - guitarra

Mamen «Evelyn Zorrita» - voz

Begoña «Ruth Zorrita» - baixo

Lupe Vázquez «Pigüy Zorrita» - batería

A sua intenção era basicamente provocar, tanto com a sua estética, como com as suas declarações e letras das musicas.

«Gostamos de ser como somos e pensamos que ninguem se deve escandalizar quando dizemos que nos masturbamos, porque isso é natural, é o que todo o mundo faz. É mais forte pôr filmes violentos ou obrigar as crianças a seguir determinado tipo de religião»

A emissão da sua canção: «Me gústa ser una zorra» no programa de televisão "Caja de Ritmos" provocou um escandalo consideravel, ao que contribuio um pouco a publicação da letra, quinze dias depois, num editorial do diario conservador ABC. Após a sua publicação exigiu-se à direcção da televisão que tomasse medidas. Também o Partido Demócrata Popular protestou e até o Fiscal Xeral do Estado presentou uma querela por escándalo público. De tudo isto resultou a demissão do director do programa, Carlos Tena e o fim de Caixa de Ritmos.

A letra da polémica canção era a seguinte:

"Si tú me vienes hablando de amor
Que dura es la vida cuando se hace de día
Permíteme que te de mi opinión
Mira imbécil que ten por el culo

Me gusta ser una zorra, me gusta ser una zorra...

Prefiero masturbarme yo sola en la cama
Antes que acostarme con quién me hable del mañana
Prefiero joder con ejecutivosQue te dan la pasta y luego llega el olvido

Me gusta ser una zorra, me gusta ser una zorra...

Dejando a un lado mi profesión
Te ofrezco un deseo de corazón
Voy a meterte un pico en la polla
Me voy a mear en tu cara de gilipollas

Me gusta ser una zorra, me gusta ser una zorra..."

A música original corresponde a uma canção de Iggy Pop e The Stooges.

Nenhum comentário: