sábado, 22 de setembro de 2007

Verborreia Alternativa I

Ele quer matar,

Tem vontade de matar.

Sou assombrado por imagens de homens e mulheres nus, esquartejados em cima uns dos outros. Vejo-me a mim próprio a atirar-me do alto de uma barragem ou simplesmente para a linha do metro.

Tenho vontade de matar. Quero matar, mas quando acordo, não consigo.

Ele não sai, ele não consegue sair. Não quer.

Ele dizia que tinha algo para oferecer e no entanto ninguém conseguia perceber o quê. Depois, do alto da barragem, lá mesmo em cima, no pequeno porto marinho, vinha a promessa de uma vida bastante atribulada, não sei porque razão, não sei para quê. Só sei que a divina comédia metia pulgas e coelhos amestrados. A custódia ficou pelos filhos, que sem pais nem país voltavam, à deriva, à quermesse. Boa nova de todos os domingos. Domingos esses em que o pastor almoçava lá em casa.

E eu continuo a dizer, vontade não me falta, para matar.

Matar ajuda a sorver a alma, de intrigas e banalidades, é essa a lei da vida, a lei da minha triste vida.

Honrem os homens que nada há mais para honrar. Ao calhas, é à vontade. Matem, matem, por favor, e de uma vez por todas. Já chega…

Só te quero encontrar no meio de um deserto, tu que eu não faço a mínima ideia de quem sejas e que me leves para uma festa, seja ela decadente ou não. Só quero que me faças sentir vivo.

Seja triste ou alegre, boa ou má, que seja realmente.


Um comentário:

Sónia Balacó disse...

Como eu percebo tão com a pele o que estás a dizer. Mas há-de chegar um dia em que te vais ver vivo e a sentir coisas que não queres sentir. E aí vais pedir para sentir só da forma certa. O sentir por sentir só serve para acordar.